quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sífilis Congênita


A transmissão da sífilis adquirida é predominantemente sexual, e aproximadamente um terço dos indivíduos expostos a um parceiro sexual com sífilis adquirirá a doença, é transmitida de pessoa para pessoa através do contato direto com a ferida provocada pela doença. As feridas costumam geralmente ocorrer nos genitais externos, vagina, ânus ou reto. Elas também podem aparecer nos lábios e boca. A transmissão do organismo acontece durante o sexo vaginal, anal ou oral. Mulheres grávidas com sífilis podem passar para o bebê. Quando o bebê adquire a doença da mãe ela é chamada de sífilis congênita. A sífilis não é transmitida através do contato com acentos de banheiros, maçaneta de porta, água da piscina, banheira, roupa ou talheres. A sífilis é uma doença infecciosa causada pelo Treponema pallidum. A sífilis congênita (SC) é conseqüência da infecção do feto pelo Treponema pallidum através da placenta de uma mulher grávida, que esteja infectada pela sífilis. Sua ocorrência dá-se devido às falhas no serviço de saúde, principalmente no pré-natal, pois o diagnóstico precoce e o tratamento da gestante são bastante eficazes na prevenção desta forma da doença. A sifilis congênita pode ser confundida, nos primeiros dias de vida, com infecções como rubéola, toxoplasmose, citomegalia, herpes; mais tardiamente as manifestações acabam se confundindo com sarampo, catapora, escarlatina e até escabiose. Sífilis congênita é a sífilis adquirida no útero e presente ao nascimento. Acontece quando uma criança nasce de uma mãe com sífilis primária ou secundária. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, 40% dos nascimentos de mães sifilíticas são nadomortos, 40 a 70% dos sobreviventes estão infectados e 12% destes morrerão nos primeiros anos de vida. Manifestações de sífilis congênita incluem alterações radiográficas, dentes de Hutchinson (incisivos centrais superiores espaçados e com um entalhe central); "molares em amora" (ao sexto ano os molares ainda tem suas raízes mal formadas); bossa frontal; nariz em sela; maxilares subdesenvolvidos; hepatomegalia (aumento do fígado); esplenomegalia (aumento do baço); petéquias; outras erupções cutâneas; anemia; linfonodomegalia; icterícia; pseudoparalisia; e snuffles, nome dado à rinite que aparece nesta situação. Os "Rhagades" são feridas lineares nos cantos da boca e nariz que resultam de infecção bacteriana de lesões cutâneas. A morte por sífilis congênita normalmente é por hemorragia pulmonar. Didaticamente, a SC é classificada em: SC recente, quando os sintomas surgem nos 2 primeiros anos de vida, sendo mais evidentes do 1ºao 3º mês, como: prematuridade,baixo peso, rinite com secreção nasal sanguinolenta, alterações ósseas (osteocondrite, periostite, osteíte), choro ao manuseio, aumento de fígado e baço, pneumonia, icterícia, anemia, lesões de pele (comdiloma plano e pênfigo palmo plantar); SC tardia, quando os sintomas surgem a partir do segundo ano, com alterações dos ossos (tíbia em sabre, fronte olímpica, deformações de dentes, mandíbula curta, alterações oculares, surdez, dificuldade no aprendizado e retardo mental).
Dependendo da quantidade de tempo que a mulher grávida esteve infectada, ela pode apresentar alto risco de ter um natimorto ou que o bebê morra logo depois do parto. Um bebê com sífilis congênita pode nascer sem os sintomas da doença. Porém, se não for tratado imediatamente, o bebê pode desenvolver sérios problemas em algumas semanas. Bebês sem tratamento podem ter seu desenvolvimento retardado ou morrer.
A transmissão da mãe infectada para o bebê pode ocorrer em qualquer fase da gestação ou durante o parto. Estando presente na corrente sangüínea da gestante, após penetrar na placenta, o treponema ganha os vasos do cordão umbilical e se multiplica, rapidamente, por todo o organismo da criança que está sendo gerada. A infecção do feto depende do estágio da doença na gestante. Quanto mais recente a infecção materna, mais treponemas estarão circulantes e, portanto, mais grave será o risco de transmissão para o bebê. Sendo assim pode ocorrer em qualquer fase da gravidez, acarretando aborto espontâneo; morte fetal; prematuridade; recém-nascidos com sintomas da doença e até mesmo aparentemente normais. Muitas vezes, a infecção pode passar desapercebida dependendo do tratamento ou não que a mãe recebeu. A sífilis pode se manifestar logo após o nascimento ou durante os primeiros dois anos de vida da criança. Na maioria dos casos, os sinais e sintomas estão presentes já nos primeiros meses de vida.

Ao nascer, a criança infectada pode apresentar problemas muito sérios, entre eles: pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, problemas ósseos, surdez ou retardamento. A doença pode também levar à morte. Há ocorrências em que a criança nasce aparentemente normal e a sífilis se manifesta só mais tarde, após o segundo ano de vida.

A prevenção da SC mais efetiva consiste em oferecer a toda gestante uma assistência pré-natal adequada. A SC é uma doença de fácil prevenção desde que a gestante infectada seja detectada e prontamente tratada, assim como devem ser oferecidos o exame e o tratamento ao seu parceiro sexual. Porém, as medidas de controle podem ocorrer de outras maneiras:

Antes da gravidez:
Prevenção da sífilis na população feminina em geral:
  • Uso de preservativos
  • Diagnóstico precoce em mulheres em idade reprodutiva e em seus parceiros
  • Realização do teste VDRL em mulheres que manifestem intenção de engravidar
  • Tratamento imediato dos casos diagnosticados em mulheres e seu parceiro
Tratar a paciente adequadamente, gestante ou não, conforme a fase clínica
  • Sífilis primária: Penicilina Benzatina 2400000 UI IM dose única
  • Sífilis secundária: Penicilina Benzatina 2400000 UI IM sem por 2 sem
  • Sífilis terciária: Penicilina Benzatina 2400000 UI IM sem por 3 sem reforçar a orientação para que a paciente e seus parceiros evitem relações sexuais quando em tratamento,e só as tenham usando preservativos. Realizar o controle de cura trimestral.
Durante a gravidez:

Diagnóstico precoce da sífilis materna no pré-natal:
  • Realizar o teste VDRL – Pesquisa Laboratorial de Doenças Venéreas - na 1ª consulta do pré-natal e no início do 3º trimestre
  • Tratar imediatamente os casos diagnosticados nas gestantes e seus parceiros, evitando a reinfecção da gestante.
(Tratamento Adequado: feito apenas com Penicilina, usando as doses adequadas conforme a fase clínica, sendo feito antes de 30 dias antes do parto e tratando adequadamente o seu parceiro sexual)

Na admissão para o parto ou curetagem por abortamento:
  • Realizando o VDRL em toda paciente para parto ou abortamento
  • Manejo adequado do recém nascido, realizando VDRL de sangue periférico de todos aqueles cujas mães apresentaram VDRL reagente na gestação ou parto; ou em caso de suspeita clínica de sífilis congênita.
  • Tratamento imediato de casos detectados de SC ou sífilis materna e de seus parceiros
  • Notificação e investigação dos casos detectados, inclusive aborto e natimortos por sífilis. Prevenção
Realização do teste diagnóstico em mulheres com intenção de engravidar, tratamento imediato dos casos diagnosticados nas mulheres e em seus parceiros.

Tratamento
Realizar testes em amostra de sangue dos recém-nascidos cujas mães apresentaram infecção pela sífilis ou em casos de suspeita clínica de sífilis congênita. O tratamento deve ser imediato nos casos detectados e deve ser feito com penicilina. Com o tratamento adequado, mães com sífilis podem dar à luz a crianças saudáveis.
A notificação e investigação dos casos detectados, incluindo os que nascem mortos ou os casos de aborto por sífilis, são compulsórias e dever de todo cidadão, obrigatórias a médicos e outros profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e privados de saúde (Lei nº 6259).